apresentando a cria



Este blog mais parece um balaidegato,um matulão de cego,bunda de menino novo,cabeça de juiz.Nele há de tudo um pouco,porém nada muito definido.Recheado de mentiras cabeludas,as verdades barbeadas são por demais enfadonhas.Espaço criado para publicação do impublicável.Fonte de informação saída diretamente dos balcões ensebados dos botecos de ponta de rua,ou dos pés de balcões de velhas bodegas,onde a cachaça de primeira,a cerveja véu de noiva e o tira gosto de higiene duvidosa-por isso mesmo mais gostoso-fazem o tempo parecer tão curto.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

INCENDIÁRIA SETA

Canta.

Canta que ainda há tempo

Leva teu canto

Aos quatro cantos do planeta

Que a tua voz incendiária seta

Certeira e calma

Como a mão do esteta

Calcine tudo, inclusive a alma.

Canta,

Canta que ainda há tempo,

Nós estamos vivos.

Edinaldo leite.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

QUANDO PARTE O ASTRO REI



Eu vi a boca da noite

Escurecer de repente

Morder do sol um pedaço

Que morria no poente

Pra doze horas depois

Vomitá-lo no nascente.


edinaldo leite.


Imagem: Gilmar Leite.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

ANOS DE CHUMBO

...Um dia eles disseram

Para que não falássemos,

E nós calamos.

Noutro dia eles disseram

Para que não cantássemos,

Nem músicas, nem hinos,

E nós emudecemos.

Disseram também

Para não sairmos de casa,

E nós nos trancafiamos.

Disseram que nós não nos amássemos,

E nossos lábios secaram.

Foi então que eles disseram

Para que a lua não brilhasse.

Aí, a lua nasceu

Redonda e sanguinolenta

Por trás da capelinha do monte.

Só assim percebemos

Que a força deles não era tanta.

O sol nasceu novamente.

edinaldo leite.

sábado, 30 de julho de 2011

pelas cancelas do mundo

perambulei pela vida
como um cego no deserto
o meu caminho era incerto
procurando uma guarida
no meu peito uma ferida
surgiu com o passar dos anos
mudei rotas,desfiz planos
afundei as caravelas
bati mais de mil cancelas
na estrada dos desenganos.

edinaldo leite.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

CONTRA AS VISÕES DA SERPENTE

QUANDO PEDRA COM PEDRA EU BATI
FIZ O FOGO BROTAR NOS CARRASCAIS
ENFRENTEI OS INVERNOS GLACIAIS
FIZ A RODA,E PARA O MUNDO EU PARTI
DAS CAVERNAS PARA A LUZ EU EMERGI
VIM DA NOITE GALOPANDO A MADRUGADA
A PROCURA DA ETERNA ALVORADA
DE UM FUTURO QUE EU SEI QUE NÃO TEM FIM
ESTE MUNDO JÁ NÃO SERÁ ASSIM
QUANDO A PÁGINA DO SÉCULO FOR VIRADA.

O AMANHÃ SERÁ BEM MAIS RADIOSO
QUANDO O SOL BRILHARÁ ENTRE NEBLINAS
DISSIPANDO A FUMAÇA DAS CAMPINAS
SURGIRÁ UM VERDOR MAIS MAVIOSO
O MACHADO NÃO CANTARÁ RAIVOSO
SUA ETERNA CANÇÃO ARTICULADA
SUA LÂMINA SERÁ APOSENTADA
POBRES ÁRVORES REPOUSARÃO ENFIM
ESTE MUNDO JÁ NÃO SERÁ ASSIM
QUANDO A PÁGINA DO SÉCULO FOR VIRADA.

DITADURA JÁ NÃO SERÁ POSSÍVEL
SEJA ELA DE ESQUERDA OU DE DIREITA
UMA ORDEM MAIS HUMANA,MAIS PERFEITA
PARA UM HOMEM MAIS PERFEITO,MAIS SENSÍVEL
UM SISTEMA BEM MAIS COMPREENSÍVEL
SURGIRÁ DE UMA FORMA ILUMINADA
RUIRÁ ESSA IDEIA ULTRAPASSADA
QUE A TERRA NASCEU PARA TER FIM
ESTE MUNDO JÁ NÃO SERÁ ASSIM
QUANDO A PÁGINA DO SÉCULO FOR VIRADA.

SURGIRÃO,-A HISTÓRIA NUNCA MENTE
NOSTRADAMUS COM UM LIBELO MAIS PERFEITO
NOVA FORMA,NOVA ESSÊNCIA,NOVO JEITO
NOVOS HOMENS,PROFECIA DIFERENTE
NOSSA TERRA SERÁ EXATAMENTE
A UTOPIA QUE NÃO FOI REALIZADA
MAS UM DIA POR MORUS FOI SONHADA
E O SONHO DE UM HOMEM NÃO TEM FIM
ESTE MUNDO JÁ NÃO SERÁ ASSIM
QUANDO A PÁGINA DO SÉCULO FOR VIRADA.

CONTRA TUDO O QUE DIZEM ESSES SÁBIOS
SURGIRÁ NOVA AURORA,NOVO DIA
NOVA ORDEM PARA O MUNDO SE ANUNCIA
APOIADA NA VERDADE DE ALFARRÁBIOS
APESAR DESSE FOGO NOS TEUS LÁBIOS
TERÁS PAZ NUMA TERRA HUMANIZADA
ONDE OS MÍSSEIS DE UMA GUERRA PROPALADA
TROCARÃO AS OGIVAS POR JASMIM
ESTE MUNDO JÁ NÃO SERÁ ASSIM
QUANDO A PÁGINA DO SÉCULO FOR VIRADA.

edinaldo leite.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

NINGUÉM COMPRA A POESIA

OS VERSOS DE UM MANOEL XUDÚ
O REPINIQUE HIPNÓTICO DA VIOLA
SE APRENDE NA VIDA QUE É ESCOLA
PROVA DISSO FOI UM ZEZÉ LULU
UM CABOCLO AQUI DO PAJEÚ
QUE VIVIA FAZENDO CANTORIA
SEM INGRESSO,SEM CACHÊ E SEM BACIA
IMORTALIZOU-SE NOS ARQUIVOS DA PELEJA
COMO PODE CABER NUMA BANDEJA
O VALOR IMPAGÁVEL DA POESIA?

COMO PODEM QUERER COMPRAR O CÉU
E AS ESTRELAS QUE MORAM N'AMPLIDÃO?
NINGUÉM PAGA UNS VERSOS DE CANCÃO
NEM AS AGRURAS DA ALMA DE UM RÉU
NINGUÉM COMPRA UMA TORRE DE CHAPÉU
QUE SE FORMA NO NASCENTE TODO DIA
QUAL O PREÇO DOS MISTÉRIOS DE MARIA,
QUANTO VALE UMA BRISA BENFAZEJA?
COMO PODE CABER NUMA BANDEJA
O VALOR IMPAGÁVEL DA POESIA?

LOURIVAL QUE ERA O REI DO TROCADILHO
O LIRISMO DE UM ABSOLUTO
VELHO PINTO DO MONTEIRO BEM ASTUTO
NUMA RIMA JAMAIS PERDEU O TRILHO
AFOGUEAVA O REPENTE DANDO BRILHO
SEM JAMAIS TER USADO HIPOCRISIA
SUAVE COMO O VENTO EM MELODIA
OU RAIVOSO COMO O SOL QUANDO DARDEJA
COMO PODE CABER NUMA BANDEJA
O VALOR IMPAGÁVEL DA POESIA?

NÃO EXISTE MOEDA FABRICADA
SEJA ELA DE PRATA OU DE PAPEL
QUE AINDA POSSA DOMAR ESTE TROPEL
DE POEMAS QUANDO PARTEM EM DISPARADA
SÃO REFLEXOS DE UMA MENTE ILUMINADA
LIBERTÁRIOS CORRENDO A REVELIA
EU DUVIDO QUE APAREÇA QUALQUER DIA
QUEM TABELE ESTA MUSA SERTANEJA
COMO PODE CABER NUMA BANDEJA
O VALOR IMPAGÁVEL DA POESIA?

O PAGAMENTO QUE EU ACHO MAIS PERFEITO
É O POVO APLAUDINDO E DELIRANDO
A CABEÇA, DE VERSOS VAI INCHANDO
MEGATONS DE POEMA EXPLODEM O PEITO
SE DO MEIO DO POVO ALGUM SUJEITO
SE LEVANTA COM DINHEIRO EM GRITARIA
PARA MIM ACABOU-SE AQUELE DIA
APAGOU-SE A FORNALHA DA PELEJA
COMO PODE CABER NUMA BANDEJA
O VALOR IMPAGÁVEL DA POESIA?

edinaldo leite.



quinta-feira, 14 de julho de 2011

LANÇAMENTO DO LIVRO DE ARLINDO LOPES


PRESTIGIE O ARTISTA DA TERRA.COMPAREÇA
LOCAL:BARRACÃO UNIVERSITÁRIO.
DATA: 16/07/2011.
DIA:SÁBADO
HORA: TARDE.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Chico da Paraíba Irado




"Eu não engulo esse forró de plástico".


Concordo,Chico.Eu também não.Esse troço de plástico é por demais poluidor.


























caricatura:Baptistão.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

o apelido

Tão antigo quanto as caravelas que o trouxe,é o apelido no Brasil.Usado de forma muitas vezes carinhosa,outras tantas,jocosa,o apelido disseminou-se por todo o país,concentrando-se principalmete nas cidades do interior,onde a proximidade das pessoas revela e amplia,caracteríticas inerente a cada indivíduo-fonte natural das alcunhas-,tornando-o extremamente descritivo.Não chegou a ser tese de doutorado em Sociologia,Antropologia,ou outas logias existentes,porém chegou perto.Tornou-se objeto de pesquisa do meu amigo,professor Jorge Humberto de Lucena Veras,cognominado Jorge Mãe vita,que depois de 30 anos contribuindo para a saúde física e mental do alunado da rede de ensino público do estado de Pernambuco,resolveu botar o burro na sombra,e deixar de lado esse negócio sem futuro.
Atualmente atua na área social,tendo como função não remunerada o cargo de protetor de rapariga-que o diga,as meninas do alto-em tempo integral.Foi este sujeito de quem ora vos falo,que outro dia,dando uma tapa no beiço no bar do Sheko,também conhecido como cafofo do Osama,confidenciou-me estar realizando uma ampla pesquisa sobre os apelidos dos viventes e morrentes de São José do Egito,tida e havida como capital mundial dos apelidos-megalomania de egipcience-segundo ele.-Repaginar este rol de alcunhas se fazia necessário!,vociferava.Intimou-me para tanto,e eu intimado, obedeci.

Obs. a lista será publicada de acordo com o andamento da pesquisa,em ordem alfabética,e poderá sofrer alterações sem prévio aviso.




























domingo, 19 de junho de 2011

timoneiro da nau da poesia

Eu só queria pedir
a esses relojoeiros
que trabalham com afinco
no acerto dos ponteiros
pra que eles errassem mais
puxando um pouco pra trás
o marco dos meus janeiros.
edinaldo leite

para Antonio de Catarina nos seus 70 anos.




















quinta-feira, 16 de junho de 2011

chefes políticos da Paraíba - 1915



Chefes políticos paraibanos reunidos no Hotel Central,na PARAHYBA(hoje João Pessoa),em 1915.
  1. Pedro Bezerra
  2. José Pereira
  3. Inocêncio Justino da Nóbrega
  4. Joaquim Matos
  5. Oscar Soares (fundador do jornal O NORTE)
  6. Celso Mariz
  7. José Gaudêncio
  8. Nitão Lacerda
  9. Solon de Lucena
  10. João Suassuna
  11. Miguel Sátiro

segunda-feira, 13 de junho de 2011

quadra bêbada




Embebedando a matéria
eu dou sossego pra alma
trancafiando a miséria
na teia fina da calma.

edinaldo leite









conselho dado

Aconteceu num domingo.Caboclo Ferreira,como sempre fazia,dirigiu-se para Placa de Piedade,vilarejo encravado entre Paraíba e Pernambuco,famoso pelas brigas violentas que ali aconteciam corriqueiramente.Ia fazer a feira da semana.Caboclo nunca andou armado,naquele momento a única coisa que conduzia nas mãos era um saco vazio que serviria para transportar os mantimentos que pretendia adquirir.Assim chega a bodega.Ao adentrar o estabelecimento dá de cara com um cabra bêbado e mau encarado que ali se encontrava comendo o juízo do dono da venda.Era o tipo de bêbado"saldo de festa",as mãos ensebadas de óleo de sardinha,olhos avermelhados,um bafo de cachaça que impregnava todo o ambiente.O cachaçeiro aproxima-se,encara Caboclo e solta:
-Só queria achar um homem pra dar uma tapa em mim.
Caboclo não lhe dar cabimento,caminha até o balcão e faz o pedido.
-Seu Zé,me vigie aí,uma quarta de café,uma quarta de açucar,uma barra de sabão FÊ-NÊ-MÊ,uma garrafa de gás pros candeeiros,um pedaço de fumo de arapiraca,sim,veja também um caxete que sirva pra dor de dente,pois Minervina tá que num se aguenta com um mulestado...Neste momento o bêbado interrompe o pedido,chega bem perto de Caboclo e com voz pastosa- a lingua era um molambo - provoca:
-Eu dava deztões,ou até mais uma coisinha,pra um cabra dar uma tapa em mim.
Caboclo fez que não ouviu.Terminou a feira,colocou tudo dentro do saco e deu um nó na boca.Agradeceu e pagou a conta.Virou-se para o bêbado que se encontrava ao lado,e num gesto rápido e certeiro,plantou-lhe a mão no pé do ouvido.Foi uma apanha e uma entrega.O sujeito ao receber aquela chapuletada,despregou-se do chão como que atingido por um raio e foi cair no canto da parede de cu trancado,e ali ficou, não mexeu sequer um fio de cabelo.Caboclo calmamente volta-se para o balcão,recolhe o saco com os mantimentos e toma a direção da porta,antes de sair,olha por sobre os ombros e aconselha:

-Gaste seu dinheiro com besteira não,homem!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

um tal Caboclo Ferreira

Nascido em Boi Velho(atual Ouro Velho) ainda no século IX,ganhou por nome de pia Manoel Ferreira da Silva,e por alcunha do povo o nome Caboclo Ferreira.Moreno,baixo,peito largo e mãos enormes.Dono de uma força de gigante,e de uma extravagancia descomunal.Viveu em muitos lugares,casou-se uma só vez com Minervina,que viria ter com ele uma ninhada de meninos.Protagonizou muitas histórias verdadeiras,e tantas outras inventadas pela mente pródiga dessa gente cariri/pajeuzeira.Virou lenda ainda em vida,e se foi com mais de 80 anos.Apesar de tantas estripulias vividas,morreu de morte morrida.Ultimando-se em seu leito, ainda dizia com serenidade: - Eu só perco pra ela,a morte.


Capa do livro Guerreiro Togado -de Pedro Nunes Filho.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Guerreiro Togado




Recém lançado agora em maio a segunda edição do livro do escritor Pedro Nunes Filho- Guerreiro Togado.A obra versa sobre acontecimentos ocorridos no sertão paraibano no ano de 1911,com a tomada da cidade de Monteiro,na época,Alagoa do Monteiro,pelo então bacharel Augusto de Santa Cruz Oliveira, e que iria se prolongar até 1912,convulsionando todo o Cariri paraibano,e tendo reflexos direto sobre a estabilidade do governo do então presidente João Machado.Eu,nascido e criado nessa região do Pajeú pernambucano,vizinha e irmã da região do
Cariri paraibano, e que por isso mesmo, também serviu de palco para os embates entre o Dr.Santa Cruz com seus cabras em armas e as forças oficiais do governo,confesso,nunca em momento algum,tinha ouvido falar sobre tais fatos,note-se a importancia de tais fatos,não foi uma escaramuça qualquer,foi sim,uma tentativa de se derrubar um governo através das armas,e isto não é um fato corriqueiro,cotidianamente corriqueiro que passe despercebido aos olhos da história,mas passou,e passou porque normalmente a história é contada pelos vencedores,e muitas vezes eles não a querem contá-la,e quando o fazem é em benefício próprio.Comprove-se,o Brasil é um país sem memória.Pedro Nunes escutou esta história muita vezes,o narrador era seu pai Pedro Nunes de Farias,que ainda menino presenciou tais fatos.Aquela história contada e pintada com cores vibrantes de epopéia,jamais deixaria a memória daquele menino do Mugiqui.Aquela história fustigava a alma de Pedro como quem falasse:-Conte-me,faça-me justiça.E Pedro fêz,foi a luta,palmilhou Cariri,Pajeú e outros mundos,e de lá voltou com um matulão cheio de histórias que se recusavam a permanecerem sob o tapete bolorento do esquecimento.Assim foi a labuta que gerou o Guerreiro Togado.Confesso que eu estou maravilhado.Ainda bem que existiu Pedro Nunes pai para contar a história,ainda bem que existe Pedro Nunes filho para que ela não morra.Pronto a história foi contada.